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Oportunidades olímpicas

ntre os dias 5 e 21 de agosto próximo, os olhos do mundo todo estarão vidrados no Rio de Janeiro para mais uma edição das Olimpíadas, o maior evento do planeta. A notoriedade promovida pelos Jogos, tanto pelo caráter simbólico quanto pela dimensão material que possui, confere à cidade e ao país sede um ganho imagético sem precedentes.

Em 2014, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol, uma pesquisa do Ministério do Turismo (MT) apontou índices positivos quanto à imagem deixada pelo País junto aos turistas. Entre os mais de 6,6 mil visitantes entrevistados, 95% afirmaram querer voltar ao Brasil; 61% ainda não conheciam o País e elogiaram os serviços de infraestrutura e turismo; 92% avaliaram positivamente a segurança pública; 98% consideraram positivos o atendimento e a receptividade; e 92,3% tinham como principal motivação da viagem participar da Copa.

Na Copa do Mundo de 2014, o Brasil recebeu um milhão de visitantes estrangeiros, que gastaram US$ 1,5 bilhão durante a competição. Apenas nos Jogos Olímpicos são esperados 10.500 atletas, de 204 países. Somam-se a eles 45 mil voluntários e mais de 25 mil profissionais de mídia, sem contar o seleto grupo de reis, presidentes e primeiros-ministros. A expectativa é de que 1,7 milhão de estrangeiros visitem o Brasil antes, durante e depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, de acordo com o MT.

Sete milhões de ingressos foram colocados à venda só para as Olimpíadas. “Vale observar que tanto o público das Olimpíadas quanto das Paralimpíadas é mais sofisticado que os da Copa do Mundo, por exemplo. Eles demandarão mais produtos e serviços, mas, em contrapartida, exigirão bem mais”, salienta o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro e consultor do Instituto MVC, José Luiz Meinberg.

Em termos econômicos, muitos negócios devem ser realizados no âmbito das Olimpíadas Rio 2016. Segundo projeção da Rio Negócios, agência de atração e investimentos da prefeitura do Rio, a estimativa é de que as Olimpíadas atraiam R$ 9 bilhões em investimentos e mais de 16,5 mil novos postos de trabalho ao município.

Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) demonstra que o impacto dos negócios gerado pela última Olimpíada, em Londres, aproximou-se dos três bilhões de euros. Para as Rio 2016, mais de 30 milhões de itens terão de ser adquiridos pelo Comitê Organizador. A lista é variada e vai desde equipamentos esportivos a canetas esferográficas, passando por aluguel de barcos.

Durante os Jogos, empresas de vários segmentos, que irão atuar diretamente para atender às demandas das Olimpíadas, contratarão em torno de 35 mil colaboradores, além das mais de quatro mil pessoas contratadas diretamente pelo Comitê Organizador.

“Estar no Rio em agosto é ficar próximo das autoridades mundiais e dos gestores das maiores empresas do planeta. O processo decisório estará aqui. As grandes companhias globais aproveitam esses momentos para se aproximarem. Os negócios fervilham em torno dos Jogos”, afirma o coordenador nacional do Sebrae no Pódio, projeto do órgão em parceria com o Comitê Organizador Rio 2016, Francisco Marins.

De acordo com o executivo, serão entre 45 e 54 hospitality houses na cidade – casas temáticas dos países, que funcionam como ponto de encontro de atletas e torcedores das mais variadas nacionalidades. “Elas funcionam como embaixadas informais dos países”, diz Marins. É a chance de ficar bem próximo dos atletas, que costumam comemorar lá suas vitórias, além de poder participar das mais badaladas festas das Olimpíadas.

“Não há dúvidas de que o evento a ser realizado no Rio de Janeiro trará grandes benefícios ao País, desde que seja bem organizado”, pondera o assessor econômico da Federação do Comércio de São Paulo (FecomercioSP), Thiago Carvalho.

“A hospitalidade e a qualidade no atendimento ao turista, acompanhada de uma infraestrutura eficiente de transporte e segurança, repercutirão de forma positiva nos estrangeiros, além de apagar a imagem ruim de desorganização que o País mostrou por conta da epidemia da zika e da instabilidade política. Pode gerar visitas futuras, seja para turismo de lazer ou de negócios, inclusive em outras cidades do País”, acredita Carvalho. “A Copa do Mundo, apesar de todas as críticas e temores em torno do evento, foi um sucesso nesses quesitos.”

“Os patrocinadores oficiais certamente vão explorar os Jogos Olímpicos para fortalecer a sua marca e atrair novos consumidores”, avalia Carvalho.

Mas não será apenas o Rio de Janeiro que poderá aproveitar o efeito dos Jogos. Belo Horizonte, Brasília, Salvador e São Paulo também abocanharão uma fatia do bolo, uma vez que serão as sedes das partidas de futebol masculino e feminino do evento.

É preciso destacar que, encerrados os Jogos Olímpicos, será a vez de os atletas paralímpicos entrarem em cena, a partir do dia 7 de setembro próximo. São esperados, na capital fluminense, 4.350 atletas, de 176 países, com em torno de 25 mil voluntários atuando para garantir que tudo ocorra perfeitamente. Os Jogos Paralímpicos deverão contar com 7.200 profissionais de mídia e terão 1,8 milhão de ingressos disponibilizados.

“Algumas empresas não se dão conta, mas as Paralimpíadas são um evento importantíssimo em termos de projeção e movimentação econômica. Proporcionalmente, elas até trazem mais público por atleta, pois geralmente os competidores vêm acompanhados da família para os Jogos. Sem contar que boa parte dos jornalistas que participam da cobertura das Olimpíadas continua no País para os Paralímpicos”, salienta Marins.

Vantagens para farmácias e drogarias

Também o varejo farmacêutico pode aproveitar a movimentação em torno dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos para alavancar as vendas, principalmente as empresas baseadas no Rio. Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), o município possui 2.572 farmácias e drogarias. Muitas delas estão no circuito dos equipamentos olímpicos ou próximas de locais com grande fluxo de pessoas, como estações de metrô, ferrovia, ou dos pontos turísticos mais conhecidos. Elas devem tratar o evento de forma especial, na avaliação da presidente do Instituto de Estudos em Varejo (IEV), Regina Blessa.

“Se a loja estiver próxima a hotéis ou setores turísticos, vale a pena investir para repaginar sua vitrine com motivos alusivos às Olimpíadas.” Mas é importante prestar atenção também no atendimento. Colocar um funcionário temporário que se comunique bem, se possível que fale inglês, é desejável, segundo a consultora, e não se esquecer também das plaquinhas de ‘english spoken’ e ‘hablamos español’ na porta. “Um marketing interessante é deixar folhetos nos hotéis e conquistar a portaria deles para a indicação da loja em caso de necessidade dos turistas, oferecendo um desconto para eles em caso de indicação”, sugere Regina.

Autor: Marcelo de Valécio

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